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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

and the Oscar goes to...


Inside Out
directed by Pete Docter and Ronnie del Carmen


Divertida Mente



Já tinha prometido falar dele (aqui e ali).
E queria passar-vos cada parte do filme, analisando-o e explicando detalhadamente porque é que quando o vi me emocionei tão completamente, e porque é que achei (e bem) que este era o filme que eu ia passar a usar para abordar a adopção com os meus filhos. Queria, mas não consegui o tempo para o fazer e sou uma chata sempre a queixar-me disto, segue o que consegui escrevinhar.



Eu sei, é como em tudo, o que o filme nos fornece dá para ajudar qualquer criança (e adulto) a compreender uma série de fenómenos do nosso comportamento.

Ok e adiante. Eu. Aqui. Falo das particularidades da adopção.

O filme nem sequer aborda a adopção. Eu sei.

O filme começa com uma situação de separação. Riley sai da sua terra natal, "perde" as suas referências de infância, "perde" a segurança daquilo que é garantido (ou, pensava ela que era), é deslocada para uma cidade desconhecida e vê-se obrigada a fazer um luto do antes e a (re)construir uma série de edifícios para o depois. Alguém consegue ver aqui uma relação com a adopção? Vejo braços no ar? Vejo.

Vejo a retirada da criança do ambiente que conhece e onde se sente segura - é bem certo que aquilo que nós entendemos como segurança pode ser muito diferente do que uma criança negligenciada entende como tal. Mas, apesar disso, essa segurança é para si bem melhor do que o medo do desconhecido, do que perder as suas referências. É bem certo que, no filme, Riley se mantém com os pais, eu não disse que o filme é a adopção preto-no-branco, disse que podemos fazer muitas analogias.

Vejo a chegada a uma nova casa (centro de acolhimento, pais adoptivos), a uma nova escola, a uma nova cidade (até a pizza é diferente! Quem é que se lembra de pôr brócolos na pizza, pelo amor de deus!).

O luto do que ficou para trás, a casa, os amigos, a escola, o desporto, todas as fundações das suas memórias são abaladas (uma vez mais, não, não estou a esquecer os pais quando digo “todas”).

Ruptura. Dor. Incompreensão. Confusão. Medo. Negação. Revolta. Coragem. Luto. Gestão. Processo. Descoberta. Readaptação.

Tristeza.

Todo o processo que se dá de seguida pode ser usado como metáfora para quem, como eu, tem filhos adoptados em idades que já permitam elaborações sobre as suas emoções.

Eis um exemplo duma conversa com a Magnólia, usando o filme, mais coisa, menos coisa, foi isto:

- A Riley também não sabia muito bem como lidar com todas as coisas - as emoções novas, para ela. A determinada altura, ela própria nem sabia bem como reagir, dizia e fazia umas coisas um bocado descabidas (sorrisos). Na verdade, eu acho que o que estavas a fazer era a tentar mandar a tristeza embora, não? E talvez precises dela, para arrumar esse assunto. Lembras-te da Alegria? Ela pensava que a Tristeza não podia tocar em memórias da categoria “boas memórias”, como se as fosse estragar... De facto, as memórias podem tornar-se diferentes consoante aquilo que vivemos, mas não tem de ser catastrófico. Eu penso que se não aceitares que tens saudades de determinada pessoa, por exemplo, e que essa saudade vem acompanhada de uma pontinha de tristeza, então, vai tonar-se num mau-estar a andar sempre aí a incomodar-te, como uma pedrinha no sapato. A Alegria deve deixar a Tristeza fazer parte. TU deverás aceitar a tristeza. Quem sabe, até, possas deixar a Zanga espreitar um bocadinho. Sei lá, deixa entrar todos os que estão a bater à porta. Logo vês como os geres (e rimos). A tua base, a tua essência é de pessoa de bem com a vida. Eu sei que hás-de encontrar o caminho, a forma de estar com todas as emoções de que és capaz. E nós estamos sempre aqui, para partilhares, para conversares quando te sentires confusa.

Bem-dita Riley e respectivas emoções. São evocadas tantas vezes nesta casa.

Agora, não consigo explicar melhor, estou aberta à discussão. Posso dar muitos outros exemplos do Divertida Mente aplicado à adopção.

Volto a esta citação que já tinha usado: in real life, sadness prompts people to unite in response to loss.

E, depois, este personagem que é o Bing Bong, por si só, já devia fazer-lhe valer o "Oscar" ;)

sou apaixonada e vidrada neste ser tonto e doce, alegre, inocente, generoso e altruísta
meio elefante, meio golfinho e cauda de gato, feito de algodão
simplesmente, derrete-me e põe-me um sorriso na cara :)


Para já, vinha mesmo era dizer-vos quem ganhou os “Oscares” :)

Cipreste