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sábado, 17 de outubro de 2015

Sábado em Outubro

Um medley de Sábados de Outubro

Finalmente, Sábado. O Sábado exige nada menos do que uma maiúscula. O Sábado suporta tudo. Ao Sábado, conseguimos tudo.
Resta decidirmos entre ficar na cama ou fazer tudo.
Estou indecisa.
Aqui me exponho: sabe-me bem a cama. É o melhor lugar do mundo.
Ouvir os miúdos no quarto deles a continuar o jogo de ontem à noite, daqueles livros maravilhosos que os nossos amigos M.S. - nossos eternos fornecedores de roupa, livros e brinquedos, nos deram.
São tão cromos os meus filhos, são tão maravilhosamente cromos. Quando não estão na escola ou a estudar em casa, ora brincam aos professores, ora escolhem jogos didácticos, ou, não sendo didácticos, encontram aprendizagens em tudo. Tão maravilhosamente cromos, os meus filhos. Estou na cama e oiço-os, ela descreve o sistema digestivo, eles riem de algo que não apanho. Estou na cama e oiço os meus filhos a rir. São bons amigos, tomara que assim continuem, penso. Na minha cama – o lugar onde posso fantasiar conciliações e utopias, o lugar onde me sinto genuinamente grata.
Espero que os miúdos venham ter à nossa cama.
Não existe lugar mais redentor do que a cama do Sábado de manhã, albergando a família toda, em diálogos desconexos de obrigações.
Por outro lado, a manhã do Sábado, quando passada do lado de fora das camas, permitem o resto do universo em possibilidades. Ou, então: o sofá.
O melhor que existe para aprimorar o cenário descrito acima é a passagem directa para o sofá. Seja com uma taça de cereais, seja com o resto do bolo de chocolate que sobrou das comemorações da data especial de ontem. Com leite frio e desenhos animados da RTP2.
E a confirmação de que certas opções acabam bem. Tivéssemos TV-Cabo e teríamos de lidar com diplomacias para a escolha entre aquilo que consideramos minimamente construtivo e as parvoeiras que vislumbramos nas poucas vezes que nos quedamos em tv-cartoons e quejandos.
Continuemos a viagem de Sábado: cama, família toda, parlapiê com paródia, sofá, leite frio, desenhos animados, e bolo de chocolate.
Agora o café.
Não é Sábado de manhã se não houver cheiro a café. Um grande sim com ponto de exclamação para o café.
Siga. Deveres da escola. Que é para estarmos descansados amanhã.
Ela tem o primeiro teste para a semana, História e Geografia de Portugal. Ensinei-a a fazer resumos, digo-lhe «Lembras-te do que fizemos com Português? Faz o mesmo para HGP.» e ela dá saltinhos de contente. Apetece-me dizer «A sério, Magnólia?!», com aquele ar de pré-adolescente ainda-não-enjoada que ela faz - «A sério… mãe?!» e dá ênfase a “mãe” ou “pai” consoante a situação, e lá vai, toda empertigada.
Dá saltinhos de contente por ter de fazer resumo da matéria de HGP. O pai vem dizer-me que o pequeno está frustrado porque teve 3 erros no ditado. Agora que experimentou o sabor de ter “Zero erros! Parabéns!”, tem de aprender a errar como Beckett. Segue uma conversa sobre a perfeição e sobre a espera por Godot. São tão maravilhosamente cromos os meus filhos.
Quem dera poder dizer que fui eu que os fiz.
Mercado Municipal. Mercearia, padaria e talho do nosso bairro. Encontrar o P e a J, a R e o Super-V para outro café na esplanada. Ligar à Je ao J, saber se estão por cá. Dar um salto ao mercadinho biológico. Fazer o tal panelão de sopa. Deixar a sopa para depois e decidir colocar queijo e pão e uvas e laranjas e água e vinho num saco, seguir para o parque depois de ligar à F e ao A para virem ter connosco. A Magnólia pede para levar o fagote e nós ficamos a olhar um para o outro sem saber o que responder. O fagote toma o lugar do nenuco. Seguir. Deixá-los andar descalços no parque, contra as crenças portuguesas sobre as constipações. Rir, comer, beber, dormitar. As mãos dele sobre mim, sempre as mãos dele sobre mim. À medida que se conversa, a minha pele acarinhada e eu a sentir-me amada, nunca mais abandonada e muito menos em Outubro.
Seguir para casa a meio da tarde, passar pelo centro comercial e comprar as sabrinas para ela. Não temos sapatos de Domingo que lhe sirvam e vai precisar para a audição. Pretas ou azul-escuras? Quem disse que preto ou azul-escuro é entediante? Ora, que parvoíce, penso enquanto escolhemos as azul-escuras e ela segura o saco, feliz com a compra.
Chegados a casa, enrolamos massa folhada com Nutella. Os croissaints (ou coraçãs, como ele diz) ficam prontos em 5 minutos.
Pomos a mesa para o lanche. Comemos. Ela diz que vai estudar fagote. Cada um pega em pequenas tarefas sabendo que o momento vai ser desse instrumento grave que entrou de rompante nas nossas vidas. Eu leio, ele responde a emails, o pequeno pega nos legos ou na enciclopédia de instrumentos musicais – continua a dizer que quer tocar tuba. Quer percussão e tuba. Ela prepara o fagote e começa. Dó dó dó ré mi fá mi ré dóóó. E nós acompanhamos mentalmente. O irmão manda bitaites acertados e nós dizemos-lhe que tem de ser a mana a perceber isso. Ela percebe, ela sabe. Continua, dó dó dó ré mi fá mi ré dóóó. É tão maravilhosamente croma a minha filha. Diz piadas relacionadas com o fagote. Falta pouco para começar a dizer piadas que nenhum de nós na família há-de perceber. Ri-se de si. Frustra-se com o som que não sai como quer. Repete e diz “outra vez”. E eu de lágrimas nos olhos. Poucas coisas comovem como uma criança que tenta e repete para ser melhor.
Acaba o estudo. Desmonta o fagote, limpa o fagote, arruma o fagote à medida que diz “o meu fagotinho”. Não é dela, é alugado. Um dia, quem sabe…
Digo-lhe que vi no facebook que no dia 11 foi dia do fagotista, mostro-lhe este vídeo. Os fagotistas são tão maravilhosamente cromos. Onde já se viu uma flashMob de fagote. Rio muito. Rio muito alto. (Não costumo rir muito. Ou costumo? Não sei. Acho que rio pouco.)
Chamo-os para o sofá, vou buscar o portátil, com um de cada lado, vemos vídeos alternadamente. Um de judo, um de fagote. Ele espanta-se com os judocas, ela faz reparos sobre a posição do queixo daquele fagotista. Puxamos a manta, começa a arrefecer e vemos a vinha-virgem à nossa janela, está a mudar de cor. Há-de ficar vermelha daqui a poucas semanas. Bela.
Ao final da tarde, as minhas amigas vão mandar uma mensagem a dizer que estão no café, para eu ir lá ter. Ele vai insistir para que eu vá. Nuns Sábados irei, noutros não. Está tudo bem quando os amigos esperam por nós.

É Outono, é Outubro, é Sábado. Para sempre, Outubro será um mês major. Por estes dias, assinalam-se muitas datas para a nossa família. 
Sofro porque é verdade que o meu pai já não me vai chamar com a sua voz. Sofro porque me custa cada vez mais a distinguir do sofrimento que vejo no dia-a-dia no meu trabalho.
Esta é a minha vida, sempre muito cheia, sempre muito rica. Cantada por Maria Bethânia. Eu a viver emoções non-stop.
Chegar-se-á a hora de jantar e ele vai dizer que, porque não lhe apetece fazer nada, não quer que mais ninguém faça e há-de buscar algo para comermos. Não nos apetece ir fora. Mas somos sortudos, embora faça contas e queira poupar, ainda podemos buscar um frango ou uma pizza. Temos muitos agasalhos.
É Sábado e faremos planos para visitar algum museu amanhã, ou almoçar com a avó de um lado ou os avós do outro. Temos saudades tuas, pai.
Às vezes, é preciso dizer as coisas a fingir na segunda pessoa do singular.
Fez 4ªfeira um ano do primeiro dia doutro resto da minha vida, fez ontem um ano que vi a fotografia mais importante da minha vida (dito assim mesmo sobre a importância) e fez um ano que tivemos uma falsa esperança de viver um pouco mais sem a dor persistente da ausência.
Hoje é Sábado. Vou ali viver e sonhar. Vou pesquisar o preço dos bilhetes para concertos de ano novo e sonhar com viagens que não faz mal que não possamos fazer, porque o Sábado é nada mais do que a lembrança do cuidar diário. O sábado é nada mais do que a celebração do que se construiu nos outros dias.

Bom fim-de-semana,
Cipreste

p.s. talvez dever-se-ia chamar este blog Outubro a Outubro ;) 

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Ainda sou do tempo... em que usávamos a mala do enxoval

Enquanto esperamos pela concretização da adopção, pouco podemos fazer em prol da futura família, dos nossos futuros filhos. Ou antes, a única coisa que nos sobra é ler, procurar aprender o máximo possível sobre “parentalidade terapêutica” – conceito em voga aplicado à parentalidade na adopção.

Por vezes, ler torna-se muito pesado. Pelo menos para mim que, na verdade, não tenho procurado ler livros “cor-de-rosa” sobre adopção, restando-me literatura bastante pesada, muitas vezes académica e muito densa.

Com os eventos, também pesados, que têm ocorrido por aqui, preciso de uma lufada de ar fresco, de um escape. Preciso de ouvir histórias de sucesso e não esquecer que toda esta dificuldade é em prol da busca de uma outra felicidade. 

Precisava de ter uma mala do enxoval onde guardar a parte azul e cor-de-rosa deste sonho.

 imagem via Notícias do Ribatejo

Desde que decidimos adoptar, o primeiro passo após a entrega da candidatura foi fazer uma pequena transformação cá em casa. Vivemos numa casa velha com 3 quartos e uma casa de banho no andar superior, um dos quartos estava transformado em quarto de vestir, o outro é o nosso e o terceiro é o do Freixo. Desmontámos o quarto de vestir que passou a chamar-se “o quarto dos meninos”. É mais forte do que nós, mesmo sem saber se será uma ou duas crianças e qual o género, está para sempre baptizado como o quarto dos meninos. De momento, contém uma cómoda antiga que era da minha avó paterna – pesada e escura, um roupeiro ikea e um sofá-cama baratucho da moviflor. A cómoda da minha avó tem em cima alguns objectos já destinados aos nossos meninos, que já descrevi um pouco ali e ali. As paredes são amarelo tipo girassol e as janelas de madeira, em guilhotina, porta por dentro e rodapé estão pintados de preto. A nossa casa é muito colorida e este quarto foi idealizado assim, para ser quarto de vestir. Quando nos mudámos para esta casa, há 5 anos, não quisemos ter quartos-fantasma, mesmo sabendo da nossa vontade de ser pais, não quisemos ter ali um quarto à espera a lembrar uma ausência. Portanto, quando chegar a personagem, ou personagens, que venham habitar esse quarto logo lhes perguntaremos sobre as cores e decoração de sua preferência para proceder em conformidade. O facto de ter apenas um quarto reservado com a eventualidade de chegarem duas crianças prende-se com a nossa convicção de que dormir na casa de dois-completos-estranhos há-de ser mais fácil se se partilhar o quarto com um irmão, ou irmã. Depois de instalados, logo nos organizaremos para saber se se desdobra o quarto do Freixo, ou se se fazem outras alterações.
Adiante com pormenores técnicos sobre distribuição familiar por assoalhadas que eu quero mesmo é falar de enxoval.
Portanto, o quarto dos meninos tem esses móveis, dos quais sairá o sofá-cama que passará para o family room. Tenham paciência com o estrangeirismo, mas é isso que eu também sou – estrangeira, devido à minha condição de nascida no Canadá. Acontece que não nos tem sido prático chamar quarto de brincar à divisão que antes era o escritório, escritório esse que agora passou a ser no antigo estúdio, estúdio esse que anulámos por entretanto se ter tornado num depósito de lixo velharias. Não se percam pela casa nem pensem que é um casarão, trata-se apenas de uma casa geminada com um anexo que penso termos aproveitado muito bem, modéstia à parte. E já que falamos de modéstia, digo-vos que a casa, embora se apresente como modesta, é-o muito pouco, chamamos-lhe nossa-senhora-da-eterna-manutenção. Tem quase 70 anos, alvenaria em pedra, janelas originais, ou seja, de madeira e com vidros fininhos e nada eficazes energeticamente, soalho original, enfim, tudo o que possam imaginar que exige manutenção e respectivos gastos constantes, sem falar no pormenor de se sujar muito mais, acumular mais pó e ter  aranhas&comp.ª. Enfim, a verdade é que eu e o Chaparro temos o gosto das casas velhas em bairros velhos e esse charme tem um custo.
Mas eu, há um parágrafo atrás, havia dito que queria falar de enxoval, não é verdade? Já lá chegaremos. Acontece que dei conta de que, aproveitando o facto de não ser uma pessoa muito sucinta nas descrições, achei que para explicar o que tem sido este dificuldade em não fazer um enxoval para os meus futuros filhos tinha de comentar o que já existe à espera deles. Assim, tinha ficado na explicação do estrangeirismo family room, termo que o próprio Chaparro também já utiliza, já lhe chamámos quarto de brincar mas dá-nos demasiada noção da ausência de alguém que ainda não chegou. Trata-se da primeira divisão do anexo, que está colado à casa através de um corredor com telheiro transparente e que se segue à cozinha – a divisão ideal, portanto, para eu estar a cozinhar e ter simultaneamente os miúdos debaixo de olho. (sabe tão bem dizer isto, sonhar com esta ideia: eu estar a cozinhar e ter simultaneamente os miúdos debaixo de olho). O family room tem uma estante com os nossos livros de infância, livros juvenis, livros de história, ciências naturais e geografia, Atlas, revistas da National Geographic e outras, jogos de tabuleiro, alguns brinquedos e instrumentos musicais curiosos - tudo coisas que já nos pertenciam, depois também há uma mesa com 4 cadeiras onde lemos, jogamos, desenhamos e duas poltronas que passarão para a sala dando o lugar para o sofá-cama, o resto do espaço será liberto para haver algum chão onde brincar.

Acontece que há uns meses, numa conversa com a Assistente Social da nossa equipa esta nos “proibiu terminantemente” de continuar a fazer enxoval. Bah. E bah. Fiquei amuada. Mas fui obrigada a reconhecer que compreendi os seus argumentos. Quando percebeu a minha desilusão, lá concedeu: ok, podem ir fazendo uma biblioteca.
A verdade é que continuo a achar que o enxoval que estávamos a fazer era, de certa forma, inócuo para nós. Nunca comprámos roupa de vestir nem qualquer objecto dirigido a uma criança ficcionada. Eram generalidades, fronhas, um peluche, mantinhas, etc. Gosto da ideia da mala do enxoval, de ir lá de vez emquando e tirar tudo para fora sonhando com o que está por vir. Mas uma promessa é uma promessa é uma promessa e, se não conseguíssemos manter esta, penso que isso quereria dizer que estaríamos muito mal na ideia do que é a sinceridade e colaboração com a equipa de adopções.

O que aconteceu: não comprámos sequer um livro durante meses. No passado Sábado, havia um senhor a vender livros em segunda-mão lá na terra dos meus pais e então voltámos à composição da biblioteca para os nossos meninos com este livro por 1€.

Confesso que me custa um bocadito não comprar determinadas coisas, mas esta é a minha missão: controlar-me, pelo bem das minhas representações mentais.


Gostaria muito de saber qual a vossa opinião sobre este assunto.

E aos companheiros de adopção pergunto como fazem, vão fazendo algum tipo de enxoval ou nem sequer pensam nisso? Falaram disso com a vossa equipa de adopções? Hoje, visitava a Heidi e dei conta com mais um dos seus posts sweets for my sweet e pensei em pedir-vos para partilhar connosco as vossas experiências.

Peço aos que já adoptaram se podem partilhar como foi a azáfama de comprar quarto, roupa, brinquedos tudo de uma assentada só. A equipa deu-vos alguma lista?
Entretanto, já temos um pé-de-meia a contar com esses dias, que mais nos soam a loucura consumista do que a enxoval. Foi assim para vós?

Cipreste

quinta-feira, 1 de maio de 2014

manhãs na esperança

Dou conta que o acordar dos fins-de-semana e feriados está diferente nesta casa. Vamos dando lugar ao sonho e, por vezes, após darmos os bons dias um ao outro, há um que diz “vamos ver se os meninos já acordaram?”. E ficamos ali uns segundos com um sorriso feliz nos rostos. E prosseguimos com os dias ainda sem filhos. Digo "ainda" porque é essa a grande diferença entre o sonho de se desejar um filho biológico e o sonho de se desejar um filho adoptado – é certo que o filho adoptado vai chegar. Hoje acordei com o coração cheio de esperança, ouvi o silêncio desta casa e sonhei acordada e o coração conseguiu insuflar mais um pouco. Fiz o pequeno-almoço para ambos, o Chaparro já havia descido ao escritório pois anda em época de exames. Deu-lhe para estudar e está no 2º ano de um curso que lhe parece estar a encher as medidas, ou, pelo menos, tanto quanto pode um curso à distância preencher um trabalhador-estudante a quem as 8 horas são uma utopia mas que ainda assim consegue arrancar 18s e 19s e até 20s nos exames. O meu orgulho e um belo exemplo para o Freixo e para os filhos que haverão de chegar. Portanto, preparei-lhe um tabuleiro com um pequeno-almoço cheio de mimo. Fui consultar o e-mail à espera que já tivesse chegado uma mensagem que aguardo já há alguns dias: népia. Aproveitei e vi este vídeo que me enviou uma companheira de viagem na adopção, uma companheira que se me apresentou esta semana, através de uma "janela privada" [olá! :)]. Sabe tão bem falar com quem está no mesmo caminho. Encontro poucos lugares, pelo menos de comunidades portuguesas. Ou, então, sou eu que não sei procurar as comunidades online. Por vezes, sinto uma certa solidão “em português” nesta imensa rede internética ao explorar o assunto da adopção. Adiante, é apenas um desabafo. Dizia que vi o vídeo e cá estou, com o coração ainda mais um bocadinho insuflado. Destaco duas passagens que me tocaram especialmente, por volta do minuto 13 e depois a partir do minuto 27. Tenham um bom dia do trabalhador. Mais logo, hei-de marchar um pouco em comemoração do 1º de Maio e voltar para casa com um cravo na mão. Agora vou jardinar um pouco, se é que se possa chamar de jardinar a tratar de um canteiro de 5x1,5m :) bom dia.

Cipreste


terça-feira, 29 de abril de 2014

Planos para amar - Parte II

Ainda não tinha afixado aqui a parte II da saga Planos para amar simplesmente porque não tinha fotografado as provas.
Alguns de nós somos mais tagarelas do que outros, entre mim e o Chaparro, a tagarelice está na mesma proporção de posts afixados no blog: 99% meus para 1% dele. Por vezes, comenta os posts que vou colocando aqui, ora na caixa de comentários, ora por e-mail, ora frente-a-frente. Desta vez, deixou este "comentário", que encontrei no dia seguinte a ter publicado o post, nas paredes da nossa casa:


Esta é uma parede de cerca de 50 cm que tem do lado direito a porta do nosso quarto e do lado esquerdo a porta do quarto do(s) nosso(s) futuro(s) filho(s), dá para espreitar o sofá-cama que ocupa o espaço enquanto não houver lá uma cama com destinatário(s) específico(s).

Todos os dias: o amor :)

Quem tem um Chaparro tem tudo.

Cipreste

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Planos para amar

Acho este miúdo genial na sua expressão dos sentimentos:



Eu também não gosto sempre das pessoas que amo, embora, enfim, são raras as vezes. E sei que é recíproco.

Sobre os Exercícios do futuro hipotético - coisas do contacto com a equipa de adopções, cujas ideias ando a tentar arrumar, sobram-me sempre duas coisas como as principais "campaínhas":

1. Por vezes, as marcas de se viver anos numa instituição - longe de um ambiente familiar, são mais intensas do que os traumas do passado, propriamente ditos.

2. Na sua maioria, uma das grandes dificuldades que as crianças adoptadas apresentam a início é a confiança no adulto. Estas crianças* não costumam sequer saber o que é acreditar que se é amado e que o amor dos pais é, não acontece apenas conforme os dias ou o humor das partes. Que os pais amam todos os dias, a cada segundo. Para sempre.

Tenho muita curiosidade (e medos) sobre este amor de que tanto se fala. Ando a confiar no futuro, é o que me resta em relação a este assunto.
Eu e o Chaparro escrevemos mensagens um ao outro nas paredes cá de casa, pela escadaria acima. Aguardo ansiosamente pelo dia em que vou escrever para, e com, os meus filhos, nas mesmas paredes.
Talvez uma mensagem assim:

via

Ou a promessa - que aos filhos podemos, e devemos, fazer esta promessa: para sempre.

Cipreste


* já sabem que detesto generalizações, certo? 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O enxoval

Já avançou mais um pouco, o enxoval. E a casa. Temos feito algumas mudanças: já tirámos as tralhas que estavam no futuro quarto da(s) criança(s) e mudámos o escritório para a divisão imediatamente ao lado, divisão essa que na verdade nunca tinha sido usada (era para ser um estúdio e acabou por ser um albergue de lixo espólio artístico que entretanto foi devidamente distribuído no ecoponto) ficando, assim, o antigo escritório transformado em... quarto de brincar! Yay!
Prefiro chamar-lhe "quarto de brincar" ao invés de "quarto dos brinquedos" porque me dá mais a sensação de acção :)
No quarto de dormir já vivem: alguns dos meus antigos peluches; uma boneca de trapos tipicamente canadiana - A Raggedy Ann; o mocho que a tia Ana fez; um Panda que comprámos - o primeiro brinquedo comprado pelo pai e pela mãe :) ; a Family Tree House, era minha e está em óptimo estado, pedi à minha mãe (a avó B) que a lavasse e ela assim o fez em modo ritual; e três quadros, um pintado pela minha sobrinha S (a prima S, portanto), outro que me foi oferecido pela minha avó materna e outro que me foi oferecido pela minha mãe, tinha ambos há muitos anos e só faz sentido estarem no quarto da(s) criança(s).
Entretanto, o Chaparro apareceu um dia com este livro em casa :) (um daqueles momentos tão cheios de ternura em que olhas para o teu companheiro de vida e pensas "oh céus, I Love this guy so much!").

Portanto, o enxoval, ou cesto da esperança, está a ganhar forma e nós gostamos de ir vendo a casa a ser habitada de futuro.

Também começámos a olhar para as camas nas lojas de móveis, mas essa compra ficará para quando soubermos quem serão os nossos filhos e algo mais sobre eles, para fazer uma compra mais personalizada de algo tão íntimo como o é uma cama. 

Há outras coisas que fazemos questão de adquirir em avanço porque achamos que serão apreciadas. E depois há os caprichos... eu queria tanto ter uma Sophie, the Giraffe Teether. Imagino que me vão chegar filhos com a dentição de leite já completa, mas um capricho é um capricho é um capricho. O problema é que este é um bocado* caro.

Cipreste


* bocado é eufemismo, eu sei