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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

cá ando, neste emaranhado

já que não tenho tempo, fica aqui uma ideia do que eu gostaria de conseguir fazer e vir dizer, pela mãe preocupada:

Eu, que tantas birras e amuos tenho aturado aos adultos, não compreendo que dificuldade é esta, pisada, repisada e perversamente alimentada, em entender quem acabou de chegar ao mundo e demora a incorporar códigos, rotinas e convenções.
Não se aguenta mais esta conversinha da treta, lucrativa, bem falante e livresca, sobre disciplina e autoridade. Dissertam sobre educação e amor como quem dá dicas para abrir latas de atum sem verter óleo, mas as latas de atum são todas iguais e saem de linhas de montagem com idêntica mecânica, o que não se aplica à humanidade (por enquanto).
Em todo o caso, que valor tem isto num mundo onde os adultos andam desorientados, desfocados, gastando rios de dinheiro em paliativos, terapias, workshops, esperando receber em três tempos dos céus, dos gurus ou dos manuais a serenidade, a compaixão e a gentileza que nem têm tempo para dar aos outros? Quantos adultos conheço que dizem "por favor" e "obrigada"? Quantos vão dormir a bem? Quantos aceitam aquilo que é facto, o trânsito parado, o dia de chuva, a constipação que já atacou? Quantos não têm achaques nervosos a cada contrariedade? Quantos não vivem para alimentar os próprios caprichos, futilidades, gadgets, acessórios, roupinhas? Quantos não sofrem de um narcisismo crónico que mal disfarçam nas conversas de café e na urgência em aderir a nobres causas? Quantos não viram costas e fecham a cara, só pelo desagrado do que acabaram de ouvir? E quantos não se satisfazem depois a rogar uma praga, a espalhar um boato, a maldizer e vomitar palavrões?
Qualquer criança sabe - porque sente - que não se pode confiar em nada disto. Talvez ajude deixar de esperar se portem como macaquinhos amestrados, como brinquedos programáveis, como estabilizadores das nossas próprias emoções. Talvez ajude aceitar que são gente. E então tudo se aquieta, o que não significa que se resolva.»

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

da boca dos outros

Conta-me histórias

«(...) Formas de pensar nem sempre são formas de ser e, muitas das vezes, não passam de modos de dizer. Além disso, sabes o que acho das convicções: são suicídio. Quando a gente insiste num lado, começa logo a morrer dos outros. Poupemo-nos à terrível humilhação de nos faltar o ar quando estamos no cimo do palanque.
Conta-me histórias. Prefiro que me contes histórias, nem que as inventes. Antes ser aldrabada pela tua imaginação do que pelos teus juízos. (...)
Poupa-me a moral, sentença ou epílogo. Para contar uma história é preciso hipotecar o coração e assim logo ficarei a saber o quanto ele vale.»

por Mãe Preocupada

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

da boca dos outros

Bandeiras

Tenho aprendido pouco da vida. Não por falta de tabefes ou de atenção às lições, mas porque em nada disto vejo ciência exata e a fórmula que ontem deu conta certa hoje pode resultar em incógnita. De uma coisa, porém, me vou lembrando: que certos apegos são inúteis. Que o "abrigo", o "porto seguro", a "estrutura", a "terra firme" são conceitos fantasiosos, esculturas da nossa debilidade. Que o melhor é manter a disposição para mudar de rumo. Que não há casa que não possa desmoronar-se, caminho que não possa desembocar em precipício, dinheiro que não arda, vida que não tombe em sepultura. Caminhe-se com bons companheiros e vistas amplas, mas não se presumam apropriações, moradas definitivas, territórios cercados, contratos vitalícios.
É tolice espetar bandeiras num mundo que não para de girar.

por Mãe Preocupada

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

sobre os ritmos de desenvolvimento

Bom dia,

Andava há algum tempo para vir partilhar este post convosco - a altura certa.
Ainda não sou mãe e, na verdade, tenho-me tentado "preparar" (eu sei, nunca estamos "preparados") para lidar com eventuais dificuldades de desenvolvimento, apesar disso não sei se serei uma mãe ansiosa acerca das várias etapas, com o "já faz" versus o "ainda não faz".

Gostava de conseguir ser como esta mãe que não esconde angústias mas transmite muito eficazmente o amor pelos filhos tal-como-são, um saber viver devagar o dia-a-dia .

Como diz uma comentadora do post,  porque «Cada um tem o seu ritmo e os nossos filhos apenas são extraordinários na medida em que são nossos.».

boa leitura,
Cipreste

quarta-feira, 30 de julho de 2014

das coisas que eles dizem... às nossas reacções

Isto não trata de controlar o nosso discurso grão-a-grão, nem de invalidar o facto de que toda a gente já respondeu a desafios sem parar para respirar e pensar no que pode estar por detrás do acto provocatório. Isto trata de encurtar caminhos, de evitar enrolos já de si suficientemente complexos.


Surripiei o seguinte quadro aos Padrinhos Civis:


O que eles dizem
O que eles querem dizer
O que nós respondemos
O que nós devíamos responder

“Não tenho de lavar os dentes. Não és minha mãe!”
“És a minha mãe?”
“Aqui fazes o que eu mando!”
Eu sou tua mãe/responsável por ti, amo-te muito e quero tudo de bom para ti. Quero que tenhas uns dentes branquinhos e não sofras com dentes estragados”

“Não faço, porque na minha instituição não fazíamos assim!”
“Ainda não percebi se devo continuar a identificar-me com a minha instituição ou se já pertenço aqui”
“Pois, mas aqui é assim e ponto final!”
“Compreendo que fazias assim na instituição. Na nossa família fazemos de outra maneira e tu és da nossa família.”

“Não quero estar aqui!“
“Vais abandonar-me como toda a gente fez antes?”
“E nós ralados!”
“Nós queremos que tu estejas aqui. Esta família é a tua família para sempre, nunca nos vamos perder uns aos outros.”

“Vou fugir!”
“Vais deixar-me fugir? Parece que não me amas…”
“Porta da rua, serventia da casa!”
“Podemos zangar-nos, mas somos uma família para sempre. Amo-te muito e nunca te deixaria partir.”

“Vou dizer ao juiz que não quero estar aqui!”
“Gostas de mim o suficiente mesmo que eu me tenha portado mal ou vais dizer ao juiz que já não me queres?”
“Então vai! Quero lá saber, deves pensar que me ralo muito com isso!”
“Somos uma família para sempre. Mesmo quando te portas mal, amamos-te. Isso não significa que poderás continuar a portar-te mal, mas que gostamos de ti em todas as situações."


Cipreste

terça-feira, 29 de julho de 2014

é isto

«I know that life holds no guarantees, no matter how pure one's intentions, but I think this is going to be good.»

Dito pela Mary Bishop, com quem tenho aprendido tanto sobre adopção, sobre a procura de um caminho honesto.

Bom dia!

Cipreste

quarta-feira, 30 de abril de 2014

da boca dos outros

Hoje trago-vos um post traduzido por mim do inglês para o português, pois achei que o assunto merece não ficar perdido sem tradução, trata de identidade e da obrigação dos pais adoptivos em não fechar os olhos à biografia dos filhos prévia à adopção.
Foi através desta moça, muito honesta nas suas reflexões e consequentemente na sua escrita, que encontrei o livro Adoption Reunion in the social media age.
Mesmo sem saber ainda quem vai ser meu filho/a(s), enquanto candidata à adopção nacional, há uma série de questões relativas à cultura às quais eu e a minha família seremos poupados. Ainda assim, restará muito sobre a identidade que percebo agora poder vir a ser um problema se não for bem encarado por parte dos pais adoptivos, por nós. O livro que refiro deu-me uns belos abanões sobre coisas de que nunca me lembraria se não as lesse ou, então, só no momento em que as fosse vivenciar. Neste momento, eu e o Chaparro temos muito presente questões sobre o direito da pessoa adoptada à sua história, ao seu passado, aos seus dados genéticos e origens.
Deixo uma passagem da página 29 do livro, traduzida por mim, sobre o processo de se reconhecer a necessidade à própria biografia e os resultados de procurar negligenciar essa necessidade:

«Olhando agora para trás, para os meus primeiros anos, consigo perceber de que forma a separação da minha família original me afectou ao longo da vida; Eu simplesmente não reconheci os sinais na altura. Ter-me-ia descrito como uma pessoa feliz, mas agora percebo que em grande parte do tempo eu estava mais próxima da dormência.»

Não sabemos como se desenrolará a nossa história, mas sentimos a premência de nos mantermos atentos a estas questões. Felizmente, há os blogs e os livros.

Segue-se o texto, via Casa Bicicleta.
Enjoy,
Cipreste





Enquanto mãe de uma criança adoptada, passo o tempo a pensar em questões de identidade. O que nos faz quem somos? O que é importante para a nossa noção de nós mesmos e o nosso lugar na família? Como posso ajudar a minha filha na sua busca pelo seu eu? Devo envolver-me nesta busca? Estas são coisas sobre as quais penso.

Provavelmente seja o contraste entre ter filhos biológicos e uma adoptada que me traz esta questão de forma mais presente. Os meus rapazes, como a maioria de nós, têm a sua identidade como algo garantido, os seus antepassados, as suas origens, as parecenças… todas as pequenas peças individuais que fazem de nós, nós. Ter acesso às histórias e fotografias e anedotas a qualquer momento é, enfim, uma dádiva. É uma coisa que a maioria de nós tem e em que a maioria de nós nunca tem de pensar. Está simplesmente ali. De cada vez que desejamos pensar acerca de quem somos e de onde vimos… não temos de pensar demasiado. A história está ali ao nosso alcance.

Quarta-feira foi o aniversário do QF#1*. Casualmente, mencionei ao jantar que lhe queria ter ligado às 10h03 da manhã porque essa é a hora exacta do seu nascimento. E ainda acrescentei num Sábado, estava a chover. O QM* perguntou a que horas nascera o QF#2 e eu respondi.

À medida que a conversa decorria, a Menina da Bicicleta (MB)** perguntou a que horas é que eu nasci? Ela já me tinha perguntado isto antes e já tivemos outras conversas sobre o facto de não sabermos pormenores sobre o seu nascimento. Na verdade, não sabemos nada. Não creio que esta conversa tenha sido particularmente dolorosa para a MB, não é certamente uma conversa nova, como disse, embora ela deseje, obviamente, possuir as mesmas peças do seu passado tal como os outros também têm. Portanto, ela pergunta. Mesmo quando sabe que não tenho as respostas.

Assim, depois de conversas destas, fico a pensar sobre como é que ela ficará a sentir-se. Ela tem uma relação muito próxima comigo, tão próxima que por vezes é um pouco intensa – duma forma insegura e nervosa, mas ela tem esta necessidade de estar próxima de mim, e ela queria determinada informação da minha parte, informação essa que não lhe consegui dar e isto prova, uma vez mais, que ela não vem de mim e do QM. Esta ausência de informação básica prova que houve outras pessoas na sua vida em certa altura que não estão lá agora, e nós não sabemos nada sobre quem são.

Isto acontece por fases. Por vezes, a MB e eu falamos sobre o seu passado, mas na maioria dos dias não o fazemos. Trago o assunto à baila sempre que o considero adequado. Por vezes, quando temos estas conversas, ela faz uma pergunta. Mas na maior parte das vezes, não faz perguntas. Se eu quisesse, diria a mim própria que ela não está interessada no seu passado. Poderia convencer-me de que, porque ela raramente toca no assunto, não está interessada nem é curiosa. Porque quando falo no assunto, ela por vezes ouve e noutras muda de assunto, e porque não se mostra excessivamente interessada, eu poderia convencer-me de que não lhe interessa. Eu poderia permitir-me deixar para trás este assunto da identidade, um assunto muito confuso e difícil. Claramente, poderia convencer-me a mim própria de que ela não está interessada.

Mas isso seria errado.

Considerando a personalidade da MB, eu sei que ela não consegue fazer demasiadas perguntas de prospecção. Ela tem um medo profundo das respostas. Cabe-me a mim, então, dar-lhe a informação – deixá-la à sua disposição, para que possa ver e ouvir, e ajudá-la a responder a questões não-perguntadas e ter fé para além da fé de que estou a dar-lhe aquilo de que precisa.

Aqueles de vós que me têm acompanhado desde há algum tempo, sabem que numa das nossas Buscas Pela Família Natural, uma mulher que foi entrevistada lembrava-se da MB. Deu-nos bastantes detalhes, incluindo o facto que ela trazia dinheiro consigo e um bilhete. No bilhete estava escrito um nome, nome esse que presumimos ser o seu nome próprio dado pela sua Mãe Biológica, e que esta mulher partilhou connosco. Aqueles de vós que têm estado comigo, lembrar-se-ão também do quanto me debati sobre como e quando dar (oferecer***) este nome à MB. Levou algum tempo, porque era algo tão precioso - este nome, que eu não o conseguia simplesmente proferir como se fosse uma informação tipo brinde. A sua importância fez-se sentir em mim.

Numa determinada altura, encontrei a oportunidade de falar disto com a MB e saiu. Disse-lhe o seu nome original. Disse-lhe que veio da sua Mãe. Disse-lhe que é precioso (e privado, se assim for a sua vontade). Disse-lhe quão bonito é e que se desejasse ser tratada por esse nome, e não por aquele que lhe déramos, bastaria dizê-lo e nós assim o faríamos e a trataríamos pelo nome que a sua Mãe escolhera para si.

Ela ouviu. Guardou tudo consigo. E não falou sobre o assunto.

Comprei-lhe o livro que a Maggie sugeriu (obrigada Maggie!) The Three Names Of Me. Tentei ler-lho, mas não consegui. Chorei de cada vez que comecei o livro. Estou a falar de choro tipo baba e ranho e soluços, que me deixou sem fala. Deixei o livro no quarto dela junto com todos os livros e papéis especiais dela, e sugeri-lhe que o lesse. De vez em quando, perguntava-lhe se o lera, ou se queria que eu tentasse lê-lo novamente, mas ela respondeu sempre que não.

Se eu desejasse ficar sossegada, poderia convencer-me de que ela não está interessada nisto tudo. Poderia fazê-lo porque seria infinitamente mais fácil, diria que ela agora é americana, que é a minha filha e de mais ninguém. Poderia usar a sua hesitação no assunto – porque tudo seria mais simples, como um sinal para deixar de lado o assunto, de que ela não está interessada.

Mas isso seria errado.

Ontem foi Dia de Levar o seu Filho/a para o Trabalho. O QM levou a MB para o trabalho. Dizer que ela estava excitada é eufemismo. A MB estava para além de excitada. Escolheu a sua toilette com o devido cuidado (duh) e preparou uma sacola cheia de canetas e lápis e um bloco de notas, que é o tipo de material que o QM leva para o trabalho. Ela não podia esperar.

Explicámos-lhe que teria de conhecer muitas pessoas, algo que é difícil para ela. Disse-lhe que poderia ser um bom treino e que a terapeuta ficaria muito feliz se ela conseguisse fazê-lo. Orientámo-la sobre como cumprimentar e ser educada no local de trabalho das pessoas, e disse-lhe que deveria olhar as pessoas nos olhos quando estas lhe dissessem “olá” (ou, pelo menos, olhar na direcção dos olhos da outra pessoa) e responder “olá” de volta. O QM disse-lhe quais dos seus colegas é que estavam particularmente interessados em conhecê-la, ou revê-la, para que ela tivesse uma ideia do que deveria esperar, uma delas é uma senhora chinesa que nos ajudou algumas vezes na nossa caminhada com a MB. O QM perguntou-lhe se ela queria conhecer esta colega e a MB disse que sim, mas que não queria ter de lhe falar em chinês.

É justo.

Quando o QM e a MB regressaram a casa, recebi um relatório completo sobre a quantas pessoas ela conheceu e cumprimentou (E olhou nos olhos!) e o QM disse-me que quando ela deu conta de que ainda não tinham encontrado a colega chinesa, foi a própria MB que pediu para a ir conhecer. Quando a encontraram, a MB e a colega do QM falaram um pouco em chinês, uma coisa que ela jurou que não faria. O coração do QM inchou de tanto orgulho. Para nós, conhecer a sua língua nativa permite ter uma porta aberta que nos pode levar às suas raízes e identidade. Vê-la abraçar esta parte da sua vida fez-nos pensar que provavelmente ela está confortável com quem é, ou quem considera ser para si própria. Pareceu correcto.

E depois o QM mostrou-me um desenho que a MB deixou no seu quadro. Incluía todas as coisas que possam esperar da MB: corações, flores, um sol brilhante, uma nota a descrever o desenho dela como “Dia de Levar o seu Filho/a para o Trabalho” e uma versão inspirada da MB do logótipo da empresa do QM.

Mas depois, ao reparar melhor, vi outras coisas. Ela desenhara um par de caracteres chineses: 小 e 大. Suponho que estava a meter-se com o QM e que pensa que estes são os caracteres que ele reconheceria. Ela também escreveu: Wǒ xǐhuan bīngqílín, que quer dizer “eu gosto de gelado”. E depois havia outra coisa.

Vi três palavras escritas em pinyin e, a princípio, não conseguia perceber o que era porque a caligrafia estava difícil. Mas depois pronunciei-o. Era o seu nome chinês. Aquele que lhe foi dado pela sua Mãe. Aquele que pensei que não lhe interessava. Aquele nome que não dissemos em voz alta durante pelo menos um ano. E foi então que percebi que ela tem estado a trabalhar (n)a sua identidade este tempo todo. Quer fale disso ou não, está a pensar no assunto. Demitir-me do assunto, não falar das coisas difíceis convencendo-me de que ela não estaria interessada, não é, simplesmente, uma opção. Porque, claramente, mesmo que ela não fale disto todos os dias, está a pensar no assunto.

Compreender quem somos é um processo difícil – mesmo quando temos histórias familiares intactas, longa e discriminadamente detalhadas. Quando não temos nada disso, compreender quem somos é muito mais difícil. Não admira que não se queira falar do assunto o tempo todo. É uma tarefa árdua. É um trabalho doloroso. Mas não devemos concluir que o assunto não interessa só porque ela não fala dele. Ela está a tentar perceber quem é, mesmo que não fale disso todos os dias.



Notas da tradução:

* QF #1 = Querido Filho; na língua inglesa, utilizam muito siglas na escrita corrente de tipo DH = Dear Husband (vamos usar QM = Querido Marido), neste caso DS = Dear Son
** epíteto da filha, em Inglês Bicicleta Girl
*** tive algumas dúvidas sobre como traduzir esta passagem, pois trata-se de uma oferenda, na verdade

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

da boca dos outros

Este texto é demasiado bom para não o lerem. 
A sério, marquem-no, façam um auto-reencaminhamento por email, registam nas vossas agendas, aproveitem durante uma pausa para o chá, etc., mas prometam-me que não vão deixar de o ler. 
É muito bom. Eu (ainda) não sou mãe e já o sinto plenamente. 
Mesmo considerando as diferenças entre o que penso que uma mãe adoptiva deve procurar saber, em comparação à “maternidade biológica”, é assim que penso e sinto as coisas da parentalidade. 
Tão real, tão palpável, tão de carne e osso e coração. 
Estou muito contente de ter ido parar ao blog da Menina :) 

Ide ide, ide lá ler o texto sobre o tipo de mãe que se é.

Cipreste

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

da boca dos outros

«Children are the most wonderful, awful, selfish, giving, kind, cruel creatures in the world.

(...)

Parenthood is not the soft option or the safe option – it is the extreme option. For those who just want to be content, they should stay childless. For those who want both heaven and hell, children are the solution – as well as the problem.»

Tim Lott - The Guardian

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

da boca dos outros


  My little one swings about with his emotions and behaviors.  I remember with my older son went through these times when he was unruly and slept poorly and then a week or so later he would burst forth with a new skill or more words in his sentences.  It was then I knew how hard a little brain works, perhaps practicing how to make sentences, and how it all at once stimulates and exhausts a little person.  When I think of Andu and count off the months he has in our home, fifteen, I can't help but notice how much heavier his load is than a child who is born into a family and is with them from birth.  While he is plotting about how to make sentences and let others know his mind through his voice, he is also learning trust and attachment and love.  This is a challenge for anyone of any age.  Little kids are so vulnerable.  They literally have no choice but to depend on others.

Last week was difficult.  Lots of foghorn-crying, acting out, hitting, and rascally attention-seeking behavior.  I would look on in amazement at the child who had come so far act not at all like himself, pushing me away.  The saddest thing happened, too.  I was holding him, his face to mine, struggling to get some article of clothing on, and he slapped me hard, really hard, on the face.  It was so hard that I was shocked into silence and must have been wide-eyed when our eyes met.  He hadn't really been mad at me, but that hitting had become so much a part of his behavior, that he just did it.  He hadn't even been looking at me when it happened.  But, he knew its effect, I could see that in his eyes.  He looked terribly sad, almost in tears.  His eyes were pleading.  And I said, there's no hitting, followed quickly by, you're okay.

Now the past few days he is so little suddenly.  All that brashness, that behavior that invites you to be annoyed and withholding of praise, is gone.  In place of the hellcat is a baby, so little.  He is a shadow, never more than a few feet from me.  He is cuddly and insists on holding hands.  He just gets so "little."

I don't know the secret to parenting.  I don't know what to do so much of the time.  So I just stay present.  The days are long, but the years are short.  Have to just stick with the little ones, be present, stick close.

Posted by Christine @Mother Paradox

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

da boca dos outros (listas!)

An Adoptee’s Perspective: 10 Things Adoptive Parents Should Know

1. Adoption is not possible without loss. Losing one’s birth parents is the most traumatic form of loss a child can experience. That loss will always be a part of me. It will shape who I am and will have an effect on my relationships—especially my relationship with you.

2. Love isn’t enough in adoption, but it certainly makes a difference. Tell me every day that I am loved—especially on the days when I am not particularly lovable.

3. Show me—through your words and your actions—that you are willing to weather any storm with me. I have a difficult time trusting people, due to the losses I have experienced in my life. Show me that I can trust you. Keep your word. I need to know that you are a safe person in my life, and that you will be there when I need you and when I don’t need you.

4. I will always worry that you will abandon me, no matter how often you tell me or show me otherwise. The mindset that “people who love me will leave me” has been instilled in me and will forever be a part of me. I may push you away to protect myself from the pain of loss. No matter what I say or do to push you away, I need you to fight like crazy to show me that you aren’t going anywhere and will never give up on me.

5. Even though society says it is PC to be color-blind, I need you to know that race matters. My race will always be a part of me, and society will always see me by the color of my skin (no matter how hard they try to convince me otherwise). I need you to help me learn about my race and culture of origin, because it’s important to me. Members of my race and culture of origin may reject me because I’m not “black enough” or “Asian enough”, but if you help arm me with pride in who I am and the tools to cope, it will be okay. I don’t look like you, but you are my parent and I need you to tell me—through your words and your actions—that it’s okay to be different. I have experienced many losses in my life. Please don’t allow the losses of my race and culture of origin to be among them.

6. I need you to be my advocate. There will be people in our family, our school, our church, our community, our medical clinic, etc. who don’t understand adoption and my special needs. I need you to help educate them about adoption and special needs, and I need to know that you have my back. Ask me questions in front of them to show them that my voice matters.

7. At some point during our adoption journey, I may ask about or want to search for my birth family. You may tell me that being blood related doesn’t matter, but not having that kind of connection to someone has left a void in my life. You will always be my family and you will always be my parent. If I ask about or search for my birth family, it doesn’t mean I love you any less. I need you to know that living my life without knowledge of my birth family has been like working on a puzzle with missing pieces. Knowing about my birth family may help me feel more complete.

8. Please don’t expect me to be grateful for having been adopted. I endured a tremendous loss before becoming a part of your family. I don’t want to live with the message that “you saved me and I should be grateful” hanging over my head. Adoption is about forming forever families—it shouldn’t be about “saving” children.

9. Don’t be afraid to ask for help. I may need help in coping with the losses I have experienced and other issues related to adoption. It’s okay and completely normal. If the adoption journey becomes overwhelming for you, it’s important for you to seek help, as well. Join support groups and meet other families who have adopted. This may require you to go out of your comfort zone, but it will be worth it. Make the time and effort to search for and be in the company of parents and children/youth who understand adoption and understand the issues. These opportunities will help normalize and validate what we are going through.

10. Adoption is different for everyone. Please don’t compare me to other adoptees. Rather, listen to their experiences and develop ways in which you can better support me and my needs. Please respect me as an individual and honor my adoption journey as my own. I need you to always keep an open mind and an open heart with regard to adoption. Our adoption journey will never end, and no matter how bumpy the road may be and regardless of where it may lead, the fact that we traveled this road together, will make all the difference.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

[da boca dos outros]

A todas as mães que ainda não têm filhos. 
Descobri que há mães que não têm filhos, assim como há mulheres que têm filhos mas não são mães. Ser mãe pode começar por ser um projecto de toda uma vida e, quando planeado conscientemente, uma nova etapa já está a ser assumida. Ainda antes dessa mãe engravidar e enquanto não sabe se a gravidez já está ou não a ocorrer, já cuida do seu bebé imaginário, preocupando-se, indo ao médico fazer o que é suposto, protegendo-o e assegurando dentro do que lhe é possível que nada do que fará com o seu corpo o irá prejudicar. Esta etapa, este compromisso, prepara-a para o que naturalmente deveria acontecer. Quando a gravidez teima em chegar, esse bebé começa a estar cada vez mais presente. De tal forma que quando, no final de cada ciclo, confirmamos que ele ainda não existe na realidade, o luto que nos bate à porta é a prova de que houve uma perda. Há mães que, não tendo filhos, depositam grande parte do seu investimento emocional, financeiro, profissional ou até relacional no que começou por ser um projecto mas já faz parte da sua vida. Por isso, quando penso na palavra MÃE, penso em todas aquelas que o querem ser mas (ainda) não puderam ter um filho.

Publicada por Mãe Sabichona

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

[da boca dos outros]

assim vai a vida
Daqui a umas horas saio para uma semana na França.
À mesa, combino com os miúdos como se vão organizar durante estes dias sem mim para lhes apanhar as pontas. Quando se dão conta de que o pai vai ter comigo a meio da semana, começam a trocar olhares cúmplices entre eles.
- Nem pensem em fazer uma facebook party!, digo eu, alarmada.
- Não te preocupes, mãe... (e riem gargalhadas velhacas.)
- Se fizerem aqui uma party, vão ser deserdados!
- Oh, não te preocupes: se fizermos aqui uma party, não vai haver nada para herdar!
A avó intervém na conversa:
- Se não se portam bem, fico aqui a fazer de baby-sitter.
Eles não se atrapalham:
- Vais ser a nossa party queen.

E assim vai a vida. Por estes dias algumas mulheres jovens têm andado a conversar em blogues sobre os motivos para ter filhos e eu, que em tempo útil nunca me lembrei de pensar nos porquês, estava capaz de responder que rir assim com eles é um bom motivo. Entre todos os outros que me hão-de ocorrer à medida que acontecem.
Daqui a umas horas saio para França, para os Alpes perto de Grenoble. Diz que lá o Outono também está magnífico. Levo a máquina fotográfica (sim, sabe-se lá que é que vai acontecer aqui em casa...) e talvez consiga mais uma resma de "quases".

por Helena