sexta-feira, 20 de novembro de 2015

o meu melhor

Faço o meu melhor, ainda assim, às vezes, o meu melhor não chega.
Falho. Entro na minha espiral de pensamentos. O que fui fazer? O que fui dizer?
Apocalipticamente, imagino os meus filhos, já jovens adultos, num divã-psi com patrocínio dos meus métodos de parentalidade. Métodos? Reacções. Pois. Falho.
Amo. Sei que amo. Procuro solucionar-me entre expectativas, convicções (malditas!) e factos (o que é a verdade?). Amo e falho. Falho com aqueles que mais procuro proteger e amparar.
Penso em Beckett à procura de saídas intelectuais para os meus erros. Dou de caras com a discussão sobre a eterna perda das traduções: fail é falhar ou errar? Erro?
Oh, céus, faço demasiada carga sobre os meus ombros e depois fico cansada para o amor. Ou antes, com medo. Às vezes, tenho tanto medo do amor. 

Será isso?
Não sei.

Hoje, sei que o papel de mãe transportou-me para:

- o lugar onde, cada vez mais, me interesso menos com o que “os outros” pensam de mim
- a mira daqueles que preferem disparar primeiro e perguntar depois
- o confronto com a solidão desta tarefa
- a necessidade de abdicar de algumas das minhas utopias (não, Cipreste, nem todos os que dizem que te amam estão aptos a abdicar da sua arrogância para te ceder o benefício da dúvida; e tu, estás apta para fazer o mesmo no sentido contrário?))
- a necessidade de me sentir mais limpa, mais livre, com menos objectos, com mais presenças, com compaixão (tenho de apontar esta compaixão também para mim, eu sei, eu sei...)
- o saber, cada vez mais, pensar e respirar e contar (até mil, se necessário,) antes de reagir

É. Falho, mas sei o que não quero.

Não quero conflitos obtusos. Não quero levar com a agressividade passiva das frustrações dos outros. Tenho mesmo muito mais coisas (bem mais importantes e interessantes) com que me coçar e só sou mãe de dois.
Três, a contar com o Freixo, que (lá no meio das minhas inseguranças) descobri que está mesmo no lugar de filho no meu coração.
Ok, quatro, se contarmos com o gato :)

Bom fim-de-semana, 
Cipreste

p.s. obrigada por me lerem, obrigada pelo feedback que me deixam, não respondi ainda porque me faz sentir tão espantada, tão pequenina perante palavras tão generosas e companheiras. Tantas vezes, obrigada.

2 comentários:

Anónimo disse...

Erramos todos, e aprendemos com isso.... O pior são os que não admitem que também erram...Só quem passa pelas mesmas situações percebe....AM

Anónimo disse...

Muitas vezes sinto que erro, falho, ... que não estive à altura dos acontecimentos.
Quando acontece tento corrigir, tento que dá próxima a resposta seja mais adequada, e sobretudo que faço-o sentir que apesar dos meus erros amo-o muito, às vezes peço-lhe desculpa, digo-lhe que tem razão, que eu não devia ter agido assim, e ele diz-me "eu desculpo-te mãe".
Haverá sempre quem critique, quem comente que não é assim, que se educa, mas admitir que se errou é antes de mais um acto de humildade e de amor, perdoar também. Cada vez sinto mais que educar é acompanhar a vida, as experiências, as novidades, as alegrias e as tristezas e sobretudo dar o exemplo.
Antes de adormecer já com ele na cama falamos, ainda que por vezes tenha pressa de que durma para que me possa dedicar aos aspectos práticos de ser mãe, nem sempre consigo cumprir este ritual, às vezes confessa-me preocupações, desgostos e chora, por vezes não sei o que lhe dizer, acontece muitas vezes, quando me faltam as palavras fico só a ouvi-lo e a secar-lhe as lágrimas, a fazê-lo sentir que não está sozinho, depois de secas as lágrimas e de um abraço diz-me "obrigado mãe".
Um grande beijinho à família que agora é uma floresta.
Teresa