quarta-feira, 11 de novembro de 2015

o que eu gostava mesmo

Era de ter tempo e tranquilidade para me sentar a escrever (a melhor forma que tenho para arrumar as ideias sobre as quais matuto) acerca desta dualidade de ser uma pessoa que, por um lado, acredita numa parentalidade que se baseia na confiança e responsabilização das crianças por forma a dar-lhes a liberdade que merecem, mas que, ao deparar-se na parentalidade na adopção, se vê no papel que parece ser o da helicopter mom a quem todos gostam tanto de atirar pedras (sendo eu a primeira).
Gostava de escrever sobre como se vê a olhos nus o resultado do "tempo de qualidade" com os filhos.
A sério, os meus bichinhos têm um botão vermelho que liga assim que se passam uns dias menos "dedicados no tempo".
Aquela máxima de que os nossos filhos não precisam de bens materiais mas antes do nosso tempo é a mais pura das verdades.
Fizemos contas, muitas contas, pedi redução do meu horário e vou ter 3 tardes por semana para estar com eles, só com eles.
É agora ou nunca, é o tudo pelos meus filhos.
Os meus bichinhos.
Percebem? Não claro que não, pois se nem sequer estou a tocar o assunto pela rama.
Isto não é fácil, sabemos que há um comboio que nunca mais vamos apanhar (em comparação com as famílias biológicas) mas a vida deixa-nos sempre com o barómetro da biologia nas mãos e, embora o amor seja igual, nas nossas famílias - as famílias adoptivas, as coisas não são iguais às outras famílias.

O que eu gostava mesmo era de ter tempo e tranquilidade para escrever sobre isto e sobre como, oh, sim, é nisto tudo que acredito - obrigada, pai à paisana por nos arrumar assim estes assuntos tão bem arrumadinhos (no pun intended) (ah, e outro, oh, sim, eu também tenho especial embirração com os pontos de exclamação, principalmente quando vêm aos trios).

Enfim, o que eu gostava mesmo era de ter tempo e tranquilidade para escrever sobre isto.

Até já, ou assim,
Cipreste

2 comentários:

André disse...

Gostava de 'ouvir' essas reflexões, portanto cá esperamos, mas sou solidário com as angústias do tempo (embora desconfie que não seja comparáveis). Também acho que escrever arruma as ideias, mas às vezes é doloroso, mesmo que seja uma dor frívola de quem tem o privilégio de ter tempo para se sentar à frente de um computador e angustiar porque uma frase não está a soar bem. :}

E obrigado eu, nunca tive grande vocação 'diarística', portanto confesso que escrever fica um bocadinho menos doloroso quando alguém do outro lado diz "gostei de ler isto". :)

patricia disse...

Ai Cipreste
Ao ler os seus textos...fico com uma pena imensa de não a conhecer pessoalmente, de não morar para os meus lados...e não se juntar a nós no gupo de apoio às familias adotivas. Faz-nos lá falta.
Mas ainda que diz isso, que eu sempre achei, mas tive sempre um bocadinho medo de adimitir que as familias adotivas são familias especiais...parece que é o equilibrio é mais fragil, e que tudo é mais intenso. ;)
Patricia