Estou certa de que muitas das "devoluções" de crianças estão ligadas a confusões que se instalam devido às pessoas não terem consciência prévia (nem apoio posterior) para perceber que a rejeição é "apenas" algo natural e que vai passar. Oh, isto dava pano para mangas e eu tenhoo horas (dias) da minha vida em leituras e reflexões sobre isto. Tivesse eu tempo para escrever...
A sério, tivesse eu tempo para escrever e acho que me dedicaria a isto de forma profissional.
Até já.
E... disponham, posso não ter receitas, mas só a partilha da experiência (sei-o agora) pode bastar para acalmar os nervos a pais assustados e bem intencionados mas perdidos.
Cipreste
5 comentários:
Já tinha pensado várias vezes neste assunto.
Eu achava que se devia a:
- avaliação insuficiente dos candidatos;
- omissão de informações importantes por parte das instituições de acolhimento;
- não coincidência do que se imaginava com a realidade.
Mas não sei se estou certa ou errada...mas de vez em quando lá ouço que um amigo do amigo adoptou e tiveram fases horríveis, de asneiras enormes e volto sempre à mesma pergunta....as asneiras são mesmo enormes e só acontecem com os filhos adoptados porque testam e é muita coisa para uma criança ou os novos pais é que não estão preparados??
AnaM
Acho que esta é uma questão muito complexa que uma solução só não chega... Felizmente, os casos de "devolução" são poucos, mas acho que se devem a varias razões todas misturadas. Nenhum pai está preparado, seja quando adota, seja quando o é por via biológica. E todos os filhos testam os pais, uns mais que outros, e naturalmente os filhos com uma história prévia defendem-se para ter a certeza de que a sua história não se repete. Mas há histórias que não imaginamos...
AnaM e Joana, creio que será um coctail de todos os factores juntos e fiz a ressalva de não dizer que seria de "todas" as "devoluções"
o que quis dizer com um post tão curto sobre um assunto tão pesado e não resolvido, ou seja, que continua a acontecer, foi que acredito que alguns pais não foram devidamente preparados para a possibilidade do sentimento de rejeição
e se, nos filhos biológicos, a noção de que não há como os devolver à procedência (aliás, muitos creio que nem chegam ao pensamento de "devolução"), já nos filhos adoptados:
1. para esses adoptantes, não estamos a falar de "filhos" ainda, porque esses pais ainda nem sequer o conseguiram sentir como tal, pelo que, "devolvendo" nem estão a devolver filhos mas antes crianças de quem não se conseguiram sentir pais
2. quantos pais (biológicos ou por adopção) tem conhecimento prévio de que é possível sentir-se rejeitar o filho? creio que uma minoria, embora hoje em dia as pessoas já comecem a ser mais honestas sobre estes assuntos. acho que há diferenças aqui entre biológico ou adoptado (e nos adoptados entre os bebés e os "crescidos") que são responsáveis pela presença da possibilidade (e muitas vezes concretização) da "devolução"
acima de tudo, acredito que a vida dessas pessoas fica destruída por falta de se ter abordado e tratado devidamente uma reacção natural e humana e que não teria de ter tido como resultado uma "devolução" se fosse bem acompanhada. e acredito mesmo que a vida dessas pessoas fica destruída. e sim, as crianças ficam traumatizadas e manipuladas e magoadas). em histórias que podiam ter tido finais mais felizes em que nenhum dos protagonistas seja, de facto, um monstro
e custa-me muito, hoje ainda mais, quando vejo as caças às bruxas quando vem cá para fora histórias destas
pessoas confusas nunca tomaram boas decisões, mas acredito que pessoas confusas com a vida de crianças nas suas mãos sintam urgência de tomar decisões e que depois o façam de forma fatal para todas as partes... em alguns casos, digo eu... suspeito eu, não sei...
quando voltei de férias tinha em mente voltar aqui para te dizer o quanto gostei deste lugar e que achava que devias voltar. hoje, regressei e estou feliz porque vejo que o fizeste. e mais só posso acrescentar que tu e a tua partilha autêntica e lúcida são serviço público sim! obrigada e beijinhos para resto do bosque :)e para o patudo mai'lindo. (nós,para a semana vamos à acção de formação inicial).
Muito obrigada pelas palavras amáveis, C. :) é motivação para continuar, embora ande pouco assídua...
boa sorte para vós!
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