Os bracitos dele à volta do meu pescoço.
Eu digo "boa noite, dorme bem".
Ele responde, em sussurro, "vou gostar sempre de ti".
Esta promessa teve a beleza da genuinidade, da simplicidade de não dizer "para sempre" mas apenas "sempre".
Anteontem, preparávamos a roupa para o dia seguinte, para a escola, e ele ficou muito contente quando viu que lhe punha as calças de tipo fazenda e a camisa de que tanto gosta - são parte da primeira roupa que lhe demos e com que veio para casa. Ficou contente e disse "oh, obrigada, mamã", na verdade, ele já usou esta roupa várias vezes para a escola (o meu filho adora camisas e gosta de as levar para a escola). Disse-lhe que não precisava agradecer mas respondeu-me que queria fazê-lo e disse-me "Sabes, às vezes, quando falamos coisas destas, fico assim com lágrimas nos olhos".
Olhei o meu filho, estava, de facto, com os olhos húmidos.
Abracei-o.
Disse-lhe "É porque estas coisas te dão conforto, ficas feliz, comovido. São lágrimas de alegria, não são, filho?".
"São, mamã, é bom", respondeu, abraçando-me com os bracinhos mais maravilhosos do mundo.
Ali fiquei, suspensa, com os olhos marejados destas emoções todas. Não são todas boas. Sei que é bom o valor que o meu filho dá às pequenas coisas. Vibra quando os pais dão um beijo, por exemplo. - acho que um dos seus maiores tesouros de segurança é a relação dos pais.
Porém, dói-me porque penso que uma criança não deveria de se comover por ter o básico.
Porém, dói-me porque penso que uma criança não deveria de se comover por ter o básico.
Assim vamos andando, sempre de lagrimita ao canto do olho.
Cipreste
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