terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

o meu deus das pequenas coisas

Os bracitos dele à volta do meu pescoço.
Eu digo "boa noite, dorme bem".
Ele responde, em sussurro, "vou gostar sempre de ti".


Esta cena aconteceu quando os meus filhos estavam connosco há sensivelmente 2 meses. Não foi inédita, pois os meus filhos fizeram-nos juras de amor desde o primeiro dia - mesmo antes de saber o que é isso de gostar de nós, de cada um de nós.

Esta promessa teve a beleza da genuinidade, da simplicidade de não dizer "para sempre" mas apenas "sempre".

Anteontem, preparávamos a roupa para o dia seguinte, para a escola, e ele ficou muito contente quando viu que lhe punha as calças de tipo fazenda e a camisa de que tanto gosta - são parte da primeira roupa que lhe demos e com que veio para casa. Ficou contente e disse "oh, obrigada, mamã", na verdade, ele já usou esta roupa várias vezes para a escola (o meu filho adora camisas e gosta de as levar para a escola). Disse-lhe que não precisava agradecer mas respondeu-me que queria  fazê-lo e disse-me "Sabes, às vezes, quando falamos coisas destas, fico assim com lágrimas nos olhos".

Olhei o meu filho, estava, de facto, com os olhos húmidos.

Abracei-o. 
Disse-lhe "É porque estas coisas te dão conforto, ficas feliz, comovido. São lágrimas de alegria, não são, filho?".
"São, mamã, é bom", respondeu, abraçando-me com os bracinhos mais maravilhosos do mundo.

Ali fiquei, suspensa, com os olhos marejados destas emoções todas. Não são todas boas. Sei que é bom o valor que o meu filho dá às pequenas coisas. Vibra quando os pais dão um beijo, por exemplo. - acho que um dos seus maiores tesouros de segurança é a relação dos pais.
Porém, dói-me porque penso que uma criança não deveria de se comover por ter o básico.

Assim vamos andando, sempre de lagrimita ao canto do olho.

Cipreste

Sem comentários: