quarta-feira, 30 de julho de 2014

das coisas que eles dizem... às nossas reacções

Isto não trata de controlar o nosso discurso grão-a-grão, nem de invalidar o facto de que toda a gente já respondeu a desafios sem parar para respirar e pensar no que pode estar por detrás do acto provocatório. Isto trata de encurtar caminhos, de evitar enrolos já de si suficientemente complexos.


Surripiei o seguinte quadro aos Padrinhos Civis:


O que eles dizem
O que eles querem dizer
O que nós respondemos
O que nós devíamos responder

“Não tenho de lavar os dentes. Não és minha mãe!”
“És a minha mãe?”
“Aqui fazes o que eu mando!”
Eu sou tua mãe/responsável por ti, amo-te muito e quero tudo de bom para ti. Quero que tenhas uns dentes branquinhos e não sofras com dentes estragados”

“Não faço, porque na minha instituição não fazíamos assim!”
“Ainda não percebi se devo continuar a identificar-me com a minha instituição ou se já pertenço aqui”
“Pois, mas aqui é assim e ponto final!”
“Compreendo que fazias assim na instituição. Na nossa família fazemos de outra maneira e tu és da nossa família.”

“Não quero estar aqui!“
“Vais abandonar-me como toda a gente fez antes?”
“E nós ralados!”
“Nós queremos que tu estejas aqui. Esta família é a tua família para sempre, nunca nos vamos perder uns aos outros.”

“Vou fugir!”
“Vais deixar-me fugir? Parece que não me amas…”
“Porta da rua, serventia da casa!”
“Podemos zangar-nos, mas somos uma família para sempre. Amo-te muito e nunca te deixaria partir.”

“Vou dizer ao juiz que não quero estar aqui!”
“Gostas de mim o suficiente mesmo que eu me tenha portado mal ou vais dizer ao juiz que já não me queres?”
“Então vai! Quero lá saber, deves pensar que me ralo muito com isso!”
“Somos uma família para sempre. Mesmo quando te portas mal, amamos-te. Isso não significa que poderás continuar a portar-te mal, mas que gostamos de ti em todas as situações."


Cipreste

5 comentários:

Ana disse...

Como dás abertura aqui para se falar destas questões, gostava de te perguntar algo que me chamou a atenção. Nao dependerão algumas respostas do tempo a que a criança já foi adoptada? Ao dizer: nós amamos-te, numa fase em que se estão a conhecer, não poderá ser sentido por ela com desconfiança, tendo em conta que já é mais velhinha? Digo isto porque ao tentar colocar-me no lugar dela, imagino-me a duvidar da veracidade dessa afirmação numa fase inicial e a preferir algo que transmitisse que nunca seria abandonada mas que nos estavamos a descobrir. Talvez nao faca sentido nenhum o que digo e seja importante afirmar logo o amor mas fica a dúvida :)

Cipreste disse...

Concordo contigo e partilho a dúvida
Fiquei a pensar que também haverá respostas e provocações para as quais as crianças tb não se sentem seguras para fazer numa fase inicial, não?

estas compõem um conjunto que reflecte uma fase em que a criança já sente alguma segurança em provocar, parece-me

e, lá está, estas coisas não são receitas, não é? :) são apenas guias para ver se as campaínhas tocam cá dentro antes de sermos reactivos e evitar determinados danos de comunicação :)

Cipreste disse...

outra coisa, vejo com muito cuidado a "interpretação" do que a criança quereria dizer
lá está, isto é apenas um guia para lembrar que nem sempre o que dizemos é o que queríamos dizer, principalmente quando somos crianças emocionalmente incertas dos adultos :)

este post acrescenta e explica muito melhor o que quero dizer: http://www.declassifiedadoptee.com/2014/05/as-rightful-narrators-adoption-rad-and.html

beijinhos!

Ana disse...

Muito bom, gostei, vou guardar este texto bem guardado, boas dicas.

Cipreste disse...

:)