Inside Out
directed by Pete Docter and Ronnie del Carmen
Divertida Mente
prémio FILM OF THE YEAR no blog ADOPTION AT THE MOVIES
E queria passar-vos cada parte do filme, analisando-o e
explicando detalhadamente porque é que quando o vi me emocionei tão
completamente, e porque é que achei (e bem) que este era o filme que eu ia passar a usar
para abordar a adopção com os meus filhos. Queria, mas não consegui o tempo
para o fazer e sou uma chata sempre a queixar-me disto, segue o que consegui escrevinhar.
Eu sei, é como em tudo, o que o filme nos fornece dá para ajudar
qualquer criança (e adulto) a compreender uma série de fenómenos do nosso
comportamento.
Ok e adiante. Eu. Aqui. Falo das particularidades da
adopção.
O filme nem sequer aborda a adopção. Eu sei.
O filme começa com uma situação de separação. Riley sai da
sua terra natal, "perde" as suas referências de infância, "perde" a segurança
daquilo que é garantido (ou, pensava ela que era), é deslocada para uma cidade
desconhecida e vê-se obrigada a fazer um luto do antes e a (re)construir uma
série de edifícios para o depois. Alguém consegue ver aqui uma relação com a adopção? Vejo braços no ar? Vejo.
Vejo a retirada da criança do ambiente que conhece e onde se
sente segura - é bem certo que aquilo que nós entendemos como segurança pode
ser muito diferente do que uma criança negligenciada entende como tal. Mas,
apesar disso, essa segurança é para si bem melhor do que o medo do desconhecido, do que
perder as suas referências. É bem certo que, no filme, Riley se mantém com os
pais, eu não disse que o filme é a adopção preto-no-branco, disse que podemos
fazer muitas analogias.
Vejo a chegada a uma nova casa (centro de acolhimento, pais adoptivos), a uma
nova escola, a uma nova cidade (até a pizza é diferente! Quem é que se lembra
de pôr brócolos na pizza, pelo amor de deus!).
O luto do que ficou para trás, a casa, os amigos, a escola,
o desporto, todas as fundações das suas memórias são abaladas (uma
vez mais, não, não estou a esquecer os pais quando digo “todas”).
Ruptura. Dor. Incompreensão. Confusão. Medo. Negação. Revolta. Coragem. Luto. Gestão. Processo. Descoberta. Readaptação.
Tristeza.
Tristeza.
Todo o processo que se dá de seguida pode ser usado como
metáfora para quem, como eu, tem filhos adoptados em idades que já permitam
elaborações sobre as suas emoções.
Eis um exemplo duma conversa com a Magnólia, usando o filme, mais coisa, menos
coisa, foi isto:
- A Riley também não sabia muito bem como lidar com todas as
coisas - as emoções novas, para ela. A determinada altura, ela própria nem sabia bem como reagir,
dizia e fazia umas coisas um bocado descabidas (sorrisos). Na verdade, eu acho
que o que estavas a fazer era a tentar mandar a tristeza embora, não? E talvez precises
dela, para arrumar esse assunto. Lembras-te da Alegria? Ela pensava que a Tristeza
não podia tocar em memórias da categoria “boas memórias”, como se as fosse
estragar... De facto, as memórias podem tornar-se diferentes consoante aquilo que vivemos, mas não tem de ser catastrófico. Eu penso que se não aceitares que tens saudades de determinada
pessoa, por exemplo, e que essa saudade vem acompanhada de uma pontinha de
tristeza, então, vai tonar-se num mau-estar a andar sempre aí a incomodar-te, como uma pedrinha
no sapato. A Alegria deve deixar a Tristeza fazer parte. TU deverás aceitar a
tristeza. Quem sabe, até, possas deixar a Zanga espreitar um bocadinho. Sei lá,
deixa entrar todos os que estão a bater à porta. Logo vês como os geres (e
rimos). A tua base, a tua essência é de pessoa de bem com a vida. Eu sei que
hás-de encontrar o caminho, a forma de estar com todas as emoções de que és
capaz. E nós estamos sempre aqui, para partilhares, para conversares quando te
sentires confusa.
Bem-dita Riley e respectivas emoções. São evocadas tantas
vezes nesta casa.
Agora, não consigo explicar melhor, estou aberta à
discussão. Posso dar muitos outros exemplos do Divertida Mente aplicado à
adopção.
Volto a esta citação que já tinha usado: in real life, sadness prompts people to unite in response to loss.
Para já, vinha mesmo era dizer-vos quem ganhou os “Oscares” :)
Cipreste
7 comentários:
"A alegria deve deixar a tristeza fazer parte" é das melhores frases que já li.
Sim!
Eu acho mesmo que essa frase é o cerne do filme ;)
viste-o?
beijinhos,
cipreste
Inside Out shows that there are valid purposes for all of our emotions. It’s helpful for kids to know that no emotions are inherently bad.
Olá!
Por acaso também já vi esse filme, é espectacular. Comovente e brilhante.
Parece que ainda por aí um outro no cinema (ou a estrear, não me lembro) dos mesmo criadores, é um com um dinossauro bonzinho :)
Olá, a.i.,
:) a conversa lá ficou pendurada no outro lado :)
E viste que o Inside Out ganhou os "oscars de hollywood" também? ;)
olá!
por incrível que pareça, não fazia ideia. A única coisa que sei sobre os óscares este ano é que ganhou o leonardo di caprio. Mas eu não vi um único filme dos óscares, ou melhor, achava eu; percebo que afinal vi o divertidaMente :)
eu tb só soube por um acaso ;) os oscars passam-me ao lado
eu nem sequer faço ideia se vi algum para além do divertida mente :P
Enviar um comentário